Bem-vindo ao terceiro e último post da nossa série de Gestão do Cronograma de projetos, hoje vamos falar sobre o método da corrente crítica.
Este método propõe um controle do cronograma considerando tarefas/tempo e disponibilidade de recurso.
Antes de mostrarmos como ele é feito precisamos passar por alguns tópicos que são usados como base para a aplicação do método em si.
O primeiro tópico base é a Teoria das Restrições (TOC), que busca a otimização de processos baseada em 4 passos, sendo eles:
- O primeiro passo é IDENTIFICAR a restrição do projeto (identificar o elo mais fraco – qual tarefa é a mais crítica ou qual profissional está com sobrecarga de ações no projeto).
- O segundo passo é EXPLORAR a restrição do sistema (reforçar o elo mais fraco, ou tirar o máximo da capacidade que já temos – qual é o melhor tempo para concluir a tarefa de restrição? Ou qual é a melhor disponibilidade de recurso?).
- O terceiro passo é SUBORNAR tudo mais a decisão acima.
- O quarto passo é ELEVAR a restrição do sistema.
Normalmente, em sistemas reais, existem no máximo 1 ou 2 restrições que precisam ser tratadas.
O segundo tópico a ser visto é o Mecanismos de Desperdício de Proteção (das reservas de segurança postas nos cronogramas):
Multitarefa
Um exemplo simples do impacto deste desperdício é dado abaixo:
- Imagine que você possua 3 tarefas para serem feitas, cada uma de duração de 20 dias. Se você as executarem em sequência, levará 60 dias para entregar todas, e de 20 em 20 vocês entregarão 1 pacote completo.
Agora se você resolver trabalhar metade do tempo em cada uma, você irá entregar mais rápido certo? Não.
Vamos entender porquê:
- Você fará metade da primeira tarefa, parará, fará metade da B, parará, fará metade da C, parará e voltará para concluir a A…. Isso mesmo, o tempo total para concluir a primeira tarefa foi de 40 dias (vulgo o dobro do tempo):
Por este motivo, a multitarefa é dita o maior responsável pelo aumento do lead-time de projetos (e de tarefas diárias).
Síndrome do Estudante
Que nada mais é do que deixar para fazer as coisas no último momento possível.
Atrasos são acumulados, avanços são desperdiçados
Normalmente, se uma tarefa termina antes do planejado, a pessoa entrega somente no dia combinado e/ou se entregar antes, a tarefa seguinte não é puxada, e só começa na hora previamente alinhada, já atrasos não, se você atrasa uma entrega, a tarefa da frente será impactada e assim sucessivamente.
Agora sim, podemos falar sobre o método da corrente crítica.
Em um projeto, a restrição ou gargalo é o caminho crítico.
Como construir a segurança do projeto sem cair nos modos de falha acima??
Colocamos toda a segurança (de cada etapa) no final do caminho crítico. Cortamos o tempo de cada tarefa pela metade, e colocamos 25% do tempo removido (metade do que foi retirado) como proteção no fim do caminho crítico. Vamos ver um exemplo.
Considere que seu caminho crítico tem 4 etapas:
1 – 10 dias
2 – 15 dias
3 – 5 dias
4 – 10 dias
Devemos então considerar, 5 dias para a primeira tarefa, 7.5 dias para a segunda, 2.5 dias para a terceira e 5 para a última, além disso, devemos considerar pulmão de projeto (buffer) após as 4 tarefas de (5+7.5+2.5+5)/2 => 10
Além disso, Precisamos inserir um pulmão de tempo nos pontos que outro caminho se junta ao crítico. Em cada caminho não crítico deve-se cortar metade do tempo estimado das etapas e usar metade desse lead time que foi cortado como pulmão de convergência.
Os pulmões de convergência protegem o caminho crítico de atrasos ocorridos em caminhos não críticos correspondentes. E, quando o problema causa um atraso maior que o pulmão de convergência a data de conclusão do projeto ainda esta protegida pelo pulmão do projeto.
Ainda falta um item para conseguirmos definir a corrente crítica do projeto, esse item é o recurso.
A Corrente Crítica, é a maior corrente será composta de etapas que são dependentes entre si por pertencerem a um mesmo caminho e etapas que são dependentes entre si por serem feitas por um mesmo recurso. (corrente crítica, maior sequencia de tarefas em tempo e dependentes do mesmo recurso):
Onde X é o recurso que deve executar a tarefa.
Da mesma forma que para tarefas, adiciona-se pulmões de convergência em função da restrição de recurso.
Logo a corrente crítica é a interação entre as tarefas a serem desempenhadas e os recursos que vão realizá-las.
Uma excelente referência bibliográfica para entender mais sobre esse tópico é o livro: Corrente Crítica do autor Eliyahu M. Goldratt.
Espero que tenha gostado dessa sequência de post sobre gestão do cronograma =)
Até a próxima!